quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

São as águas de março...

Alagamento de via pública defronte da Secretaria de Administração e da Câmara Municipal

O verão começa no dia 21 de dezembro. Com ele, muito calor, sol, descontração, cores, luzes. Para uma cidade como Caraguá, que tem sua economia centrada no Turismo, o sol é muito bem-vindo. Mas não são tudo alegrias. É no verão que acontecem as maiores chuvas, alagando ruas e bairros, provocando destruição e muitas vezes desabrigando famílias inteiras.

As chuvas são fortes e quando elas acontecem num período mais prolongado, o caos pode imperar. As encostas da Serra do Mar, muito frágeis por sinal, apresentam deslizamentos. A rodovia dos Tamoios e outras da região costumam ficar interrompidas em razão da queda de barreiras.


São Luis do Paraitinga foi a “bola da vez” no último verão e sofreu uma destruição sem precedentes em sua história, com a cheia provocada pelo rio que margeia a cidade. Todos vimos pelos meios de comunicação o caos que foi aquilo. No mesmo verão, o sul fluminense foi atingido pelas chuvas, deslizamentos em vários pontos, com registro de perdas de vidas a se lamentar.

Monumento às vítimas
da Catástrofe de 67 no

cemitério de Caraguá
Nem é preciso dizer o que significou para nós a catástrofe que se abateu sobre a cidade em 1967. A história local registra que os fenômenos climáticos costumam de repetir ao longo das décadas, provocando grandes estragos e inundações. Sugere-se uma tragédia a cada 50 anos. Assim aconteceu no janeiro de 1859 e fato semelhante se repetiu em 1944.

Um ofício desesperado do presidente da Província de Caraguá, datado de 21 de fevereiro de 1859, registra a tragédia: “...devido aos repetidos temporais de pesadas chuvas, que há mais de um mês desaba em todo o município, em especial um que houve no dia 20 de janeiro, que por um pouco não arrasa Caraguatatuba...” Não se trata, assim, de fatos isolados e nessas condições devem ser considerados pelas nossas autoridades.

Local onde estão os ossos das vítimas
da enchente de 67. Das que foram encontradas...
Nada disso é novidade para ninguém. Devemos estar preparados para a estação mais chuvosa do ano, que vai até o mês de março, já cantada em versos pelo inesquecível Tom Jobim na sua “Águas de Março”, lembra-se? “São as águas de março fechando o verão...”

Tudo para concluir que o trabalho deve primar o mais possível pela prevenção. O que há de ser feito deve sê-lo já! e agora!, sem delongas e postergações tão burocráticas quanto tolas e ineficazes. Não queremos ver repetidas as cenas de morros caídos por sobre moradias, pessoas chorando, crianças sumidas, ruas alagadas, monumentos históricos destruídos.

Não podemos, ao depois, ficar chorando sobre o leite derramado. Façamos o que for possível já.
O Blog de Caraguá - k

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